Cusco: destino de festas e celebrações

A antiga capital dos incas pulsa tradição, se veste de fé, vibra com a música andina e se entrega às suas danças folclóricas, em festas e celebrações andinas e católicas. Esse vendaval de religiosidade e alegria se repete por toda a região, tornando-se mais uma razão para planejar suas férias no Peru.

Cultura viva no “umbigo do mundo”, onde se celebra a Mãe Terra (Pachamama) e o Pai Sol (tayta Inti), o Senhor de Qoyllur Riti e o corpo de Cristo, onde se velam as cruzes de caminho e, nas vésperas do Natal, os artesãos oferecem suas melhores criações para adornar os presépios.

Cusco, de tributos à terra, de santos que chegam em procissão à praça de Armas, de irreverentes blocos de carnaval, de peregrinos que sobem a uma montanha nevada para rezar e dançar… em suma, esse Cusco festivo e colorido te espera para que ouça as preces de seus filhos e dance ao som de seus instrumentos.

Venha a Cusco para sentir e participar ativamente em uma ou mais dessas celebrações:

Bajada de Reyes

No dia em que se lembra a visita dos Reis Magos, nos templos e praças são comercializadas as vestimentas tradicionais do Menino Manuelito, uma imagem de Jesus recém-nascido característica de Cusco. As roupas, também conhecidas como Menino da Espinha, são confeccionadas por artesãos experientes.

Em Ollantaytambo (província de Urubamba), a Bajada de Reis é um dia especial. As famílias se reúnem para desmontar os presépios. Este ato simboliza confraternização, convivência e solidariedade, valores fundamentais nesse distrito do Vale Sagrado dos Incas. Também acontece a procissão do Menino de Marcacocha.

Em diferentes distritos e vilarejos de Cusco, são organizadas encenações da chegada de Melchior, Gaspar e Baltazar, os Reis Magos do Oriente que visitaram o Menino Jesus em Belém.

Data: 6 de janeiro.

Carnaval Cusqueño

Jogos com água, talco e espuma. Alegorias, música e dança em uma festa onde a praça de Armas de Cusco, com seu ar incaico e colonial, é tomada pelas vibrantes comparsas, compostas por trabalhadores de instituições públicas e privadas da cidade.

Mas o carnaval é muito mais do que um desfile de domingo. A boa comida é um elemento adicional que vai te fazer sorrir. Depois dos jogos e da dança, é tradição visitar os festivais gastronômicos, onde você poderá deliciar seu paladar com pratos e bebidas emblemáticas, como o timpu ou puchero, e a refrescante frutillada.

Também se celebra os compadres e comadres, que se entrelaçam com a yunza, onde os participantes dançam em volta de uma árvore adornada com presentes. Eles se revezam para tentar derrubá-la com um machado. Quem consegue derrubá-la organiza a festa no ano seguinte. Ao cair, todos se lançam para pegar um presente.

Data: fevereiro e março.

Semana Santa

Em Cusco, a procissão do Senhor dos Temblores é a atividade principal da Semana Santa. Reverenciada desde os tempos coloniais, essa imagem de Jesus crucificado é reconhecida como o Patrão Jurado da cidade e está localizada na Basílica Catedral.

Ao Taytacha Temblores, como também é conhecido, é atribuído o feito de ter acalmado a fúria da terra em 1650. Nesse ano, um terremoto de grandes proporções atingiu a cidade colonial, mas sua intervenção amenizou as consequências do desastre.

Com pele escura, o corpo, os membros e a cabeça da imagem são feitos de maguey e madeira balsa. Sua vestimenta apresenta designs autóctones e é confeccionada em linho.

Devido à fumaça das velas que eram colocadas em seus pés há séculos, sua pele escureceu, adquirindo uma tonalidade semelhante à dos indígenas. Essas características geram entre os fiéis um senso de pertencimento e representatividade. Ao vê-lo, eles se sentem próximos ao Cristo milagroso.

Na Segunda-feira Santa — após a bênção dos ramos do domingo — as ruas se vestem de solenidade. Alfombras, tapeçarias e finas toalhas são colocadas nas janelas das edificações que flanqueiam as vias percorridas pelas andas do querido Taytacha.

A Semana Santa tem outras tradições. Na Quinta-feira Santa, visita-se os sete templos. No dia seguinte, consomem-se os doze pratos, uma deliciosa amostra da variada gastronomia cusqueña. Bom sabor em uma celebração carregada de reflexões sobre a vida, paixão e morte de Jesus Cristo.

Data: variável. De 13 a 20 de abril.

Fiesta de la Cruz ou Cruz Velacuy

No átrio dos templos, nos mirantes dos vilarejos e nas abrações por onde cruzam os caminhos elevados, existem cruzes emblemáticas que são veneradas e respeitadas; talvez porque muitas delas foram colocadas em locais que, antes da chegada dos espanhóis, já eram considerados sagrados.

A esses santos madeiros se presta culto todos os anos em Cusco e em outros lugares do Peru andino. Geralmente, os devotos vão aos santuários e cumbres montanhosas para levar a suas comunidades as chamadas “cruzes de caminho”. Essas cruzes são “veladas” nas noites de 2 de maio em igrejas ou capelas.

No dia seguinte, os fiéis visitam a cruz e, como costuma acontecer nos Andes, as orações são acompanhadas de música religiosa e huaynos, danças típicas, almoços comunitários e o estrondo dos fogos de artifício. Quando a velação termina, as cruzes retornam aos seus locais de origem.

Data: 2 e 3 de maio.

Señor de Torrechayoc

Missas, procissões, eventos culturais, danças típicas, corridas de touros, almoços comunitários e participação de comparsas são algumas das atividades que os devotos de Urubamba, no Vale Sagrado dos Incas, organizam em homenagem ao seu Patrão Jurado, o Senhor de Torrechayoc.

A origem desta festa maratonica, que dura aproximadamente um mês, remonta a 1860, quando uma cruz foi colocada em uma área nevada nos arredores de Cusco. O extraordinário aconteceria algum tempo depois, quando várias pessoas que passavam pelo local começaram a relatar que, ao passar por ali, ouviam uma voz estranha reclamando do frio que sentia.

A história conta que os moradores chegaram à conclusão de que essa voz era do Cristo na cruz. Diante de tal revelação e milagre, um pároco considerou necessário transferi-la para Urubamba, onde o Senhor de Torrechayoc foi recebido com orgulho e satisfação.

Data: Variável. O dia central coincide com a celebração do Pentecostes (8 de junho em 2025).

Señor de Qoyllur Riti

É uma das peregrinações mais impactantes e multitudinárias do mundo. Marcada pelo sincretismo religioso, centenas de milhares de devotos das chamadas nações andinas sobem ao nevado Sinakara para visitar o santuário do Senhor de Qoyllur Riti, o Senhor da Estrela da Neve, em espanhol.

A imagem deste Cristo das alturas apareceu em uma rocha próxima ao Sinakara, um dos picos da cordilheira do Vilcanota, nos domínios do apu Ausangate. Todos os anos, peregrinos peruanos e de outras nações, como Bolívia e Equador, chegam à montanha para adorar a Estrela da Neve.

Caminhar a milhares de metros acima do nível do mar, sentindo o frio da cordilheira, é uma prova de fé. Apenas aqueles que conseguem superar a distância e resistir às baixas temperaturas chegam ao santuário, onde são celebradas missas e diversos rituais de veneração que incluem música e danças ancestrais.

Por sua importância cultural e histórica, a festa do Senhor de Qoyllur Riti foi declarada pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Data: variável (40 dias após o Domingo de Ramos).

Corpus Christi Cusqueño

A festa de veneração do corpo de Cristo na Eucaristia é celebrada com a saída processional das imagens principais das igrejas cusqueñas. Todas elas são levadas em andas até a Catedral, onde passam a noite “dialogando” com o Senhor dos Temblores, o patrono da cidade.

Isso é o que contam em Cusco, mas não é tudo. Diz-se que em determinadas ocasiões os incas “passeavam” seus antepassados momificados. Ao se darem conta dessa prática e com o intuito de propagar sua fé, os sacerdotes “substituíram” os corpos dos ancestrais pelas imagens de santos e virgens.

Essa “estratégia” seria a origem do Corpus Christi cusqueño, onde 15 imagens provenientes dos bairros da cidade chegam ao Centro Histórico com suas próprias bandas de músicos, conhecidas como Q’aperos. As danças e a boa comida também fazem parte dessa comovente celebração.

Se você viajar a Cusco e sua visita coincidir com a festa, aproveite para experimentar o chiriuchu (ají frio ou picante frio), o prato típico do Corpus que harmoniza sabores da costa, serra e selva. Seus variados ingredientes vão do cochayuyo (algas marinhas) até o polêmico cuy.

Data: na quinta-feira seguinte à octava de Pentecostes (19 de junho de 2025).

Inti Raymi

A Festa do Sol (esse é seu nome em espanhol) coincide com o solstício de inverno do hemisfério Sul. Dedicada ao Inti, o pai e divindade principal dos incas, era uma das grandes celebrações do Cusco pré-hispânico.

Proibida e extinta durante o virreinato, intelectuais e artistas cusquenhos se organizaram para “resgatá-la” em 1944, criando um roteiro para esta festa de reivindicação da cultura andina. As cerimônias e rituais do Inti Raymi atual são realizados no Qoricancha, na praça de Armas e no parque arqueológico de Saqsayhuaman.

O fastuoso Inti Raymi reúne milhares de espectadores nacionais e estrangeiros. Todos vibram e se emocionam com uma cerimônia na qual o sapan inca (o inca governante), a coya (a esposa principal) e o villac umu (sumo sacerdote), entre outros personagens, voltam a predominar no “umbigo do mundo”.

Data: 24 de junho.

Virgen del Carmen

Em Paucartambo, a capital da província do mesmo nome, reza-se, dança-se e até se luta em honra à Virgen del Carmen, que, segundo os relatos, foi disputada entre os collas, os habitantes das zonas altas dos Andes, e os chunchos, oriundos da floresta amazônica.

A Guerrilha, como é chamado o confronto, é o momento culminante de uma festa que inclui procissões, diversidade de cenas folclóricas, visitas ao cemitério para honrar os dançarinos falecidos e grupos de saqras (diabos) que sobem aos varandins e telhados do povoado para desafiar a Mamacha Carmen.

A festa da Virgen del Carmen, a protetora dos mestiços, funde o sagrado com o ancestral, sendo uma deslumbrante demonstração da identidade e herança cultural do povo de Paucartambo, os fiéis devotos de uma imagem que, além das disputas, é amada tanto por collas quanto por chunchos.

Data: de 15 a 18 de julho.

Dia da Pachamama

Na cultura andina, a Pachamama é uma divindade que representa a essência feminina do amor, da fertilidade e da proteção, sendo reverenciada como fonte de vida e sustento. Essa relação próxima se mantém em diversos países da América do Sul, como Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Argentina.

No Dia da Pachamama, os camponeses realizam rituais nos quais reconhecem e devolvem à terra tudo o que ela lhes concedeu durante o ano. Nessas cerimônias, onde as folhas de coca desempenham um papel fundamental, são enterradas diversas oferendas na esperança de manter o equilíbrio natural.

À Mãe Terra se agradece (se oferece) com alimentos cozidos, folhas de coca, vinho e chicha, entre outros produtos. Ser testemunha dessas cerimônias é uma experiência enriquecedora que fará você refletir sobre a importância de proteger o meio ambiente e os ecossistemas da nossa casa global.

Data: 1 de agosto.

Señor de Huanca

No século XVI, nos primórdios da dominação espanhola, o indígena e pedreiro Diego Quispe sofreu um terrível acidente enquanto trabalhava na construção de uma igreja. Durante sua recuperação, teve uma revelação que o levaria a realizar uma descoberta surpreendente.

Ao recuperar sua saúde, Diego saiu em busca do lugar que viu em seu leito de enfermo. Lá, segundo a revelação, ele encontraria a imagem de um Cristo gravada em uma pedra. E foi exatamente isso que aconteceu. Esse foi o início do culto ao Senhor de Huanca, cujo santuário se encontra no local explorado pelo modesto pedreiro.

Atualmente, essa imagem de Cristo martirizado atrai milhares de fiéis ao distrito de San Salvador (província de Calca). Tanta é a fé de seus devotos que muitos deles caminham em peregrinação até o santuário, localizado a aproximadamente 48 km do Centro Histórico de Cusco.

Durante a festa do Senhor de Huanca, são realizadas missas e procissões, entre outras atividades nas quais os peregrinos participam ativamente.

Data: 14 de setembro.

Santurantikuy

Na véspera do Natal, na praça de Armas e nas ruas do bairro de San Blas, os artesãos locais exibem e comercializam imagens do Menino Manuelito, da Virgem Maria, de São José, entre outras figuras ideais para os presépios, demonstrando o sincretismo religioso do Cusco atual.

Os imagineros, verdadeiros mestres de seu ofício, exibem com orgulho suas criações que se destacarão nos presépios cusquenhos, os quais incorporam paisagens montanhosas e personagens com trajes típicos, entre outras expressões culturais da cultura andina.

No Santurantikuy, cada obra é uma janela para a alma do povo andino e uma celebração de sua identidade.

Data: 24 de dezembro.

Ano Novo

Energia positiva, bons desejos, fogos de artifício e um rosário de superstições marcam o início de cada novo ano em Cusco. As celebrações começam na chamada Noite Velha, em 31 de dezembro, sendo a praça de Armas um ponto de encontro entre locais e visitantes.

Na antiga capital incaica, são realizados uma série de rituais para que o ano que se inicia seja extraordinário. Se você fizer parte da festa, use uma peça de roupa amarela para atrair prosperidade, leve lentilhas nos bolsos para não faltar dinheiro e à meia-noite coma 12 uvas e peça o mesmo número de desejos. Eles se realizarão.

Essas não são as únicas superstições. Se você deseja viajar muito, saia com sua mala ou mochila e corra pelas ruas. Uma volta ao quarteirão é suficiente para garantir um ano repleto de aventuras. Enquanto você faz o percurso, os fogos de artifício transformam a praça em um belo cenário onde imperam a cordialidade e a esperança.

Data: 31 de dezembro–1 de janeiro.

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